Geração Z lidera pressão por melhores salários no Brasil

Profissionais da Geração Z estão liderando um movimento por melhores salários e mais benefícios no mercado de trabalho, segundo relatório da Robert Half publicado em 18 de julho de 2025.
A pesquisa demonstrou que 74% dos empregadores brasileiros notaram que jovens entre 18 e 27 anos estão mais rigorosos ao negociar remuneração e condições de trabalho.
Esse comportamento reflete uma mudança geracional relevante, que pressiona empresas a reverem práticas de contratação e pacotes de benefícios.
O cenário também reacende o debate sobre o papel do salário mínimo – fixado em R$ 1.518 em 2025 e previsto para chegar a R$ 1.630 em 2026 – na valorização profissional e no poder de compra dos brasileiros mais jovens.
Tendência global: Geração Z se destaca como a mais exigente
No Brasil, 41% das empresas afirmam que os profissionais da Geração Z estão “muito mais exigentes” em relação ao salário – um índice significativamente superior ao observado entre os Millennials (24%), a Geração X (18%) e os Baby Boomers (9%).
Como se dividem as gerações no mercado de trabalho?
A Geração Z inclui pessoas nascidas entre 1997 e 2007. Os Millennials (ou Geração Y) nasceram entre 1981 e 1996. A Geração X compreende os nascidos entre 1965 e 1980, enquanto os Baby Boomers são aqueles que nasceram entre 1946 e 1964.
Outros 33% dos empregadores relataram uma leve elevação no nível de exigência dos jovens, reforçando a percepção de que essa geração está redefinindo os critérios para aceitar uma proposta de trabalho.
Fora do país, o cenário é semelhante. A pesquisa, que também avaliou mercados da Bélgica, França, Alemanha, Holanda, Suíça e Reino Unido, aponta que, em média global, 37% dos profissionais da Geração Z tornaram-se mais rígidos em suas expectativas salariais.
Esse percentual cai para 22% entre os Millennials, 12% entre os profissionais da Geração X e apenas 8% no grupo dos Baby Boomers.
Os dados reforçam uma tendência mundial: a Geração Z não só valoriza remuneração justa, como também está mais disposta a negociar – ou mesmo recusar – propostas que não atendam às suas expectativas financeiras e de bem-estar.
Salário não é tudo, mas é o ponto de partida
Embora valorizem propósito, diversidade e qualidade de vida, os jovens da Geração Z não abdicam de um salário competitivo.
Segundo o estudo, 39% dos profissionais esperam aumento nos próximos 12 meses por terem adquirido novas habilidades ou certificações; 34% justificam com o cumprimento de metas, e 28% apontam o impacto da inflação e o aumento do custo de vida.
Amanda Adami, gerente da Robert Half, destacou que a Geração Z valoriza empresas cujos princípios estejam alinhados aos seus próprios, mas não abre mão do reconhecimento financeiro como parte fundamental dessa relação. Com o desemprego em níveis historicamente baixos, também ressaltou que a maior competição no mercado tem levado esses jovens profissionais a atribuírem mais valor às suas competências.
Além da remuneração direta, os benefícios corporativos ganharam peso. Cerca de 72% dos empregadores relataram que os jovens estão mais exigentes quanto a planos de saúde, horários flexíveis, apoio psicológico, licença remunerada e bonificações – elementos que antes não ocupavam o centro das negociações salariais.
A nova relação com a CLT e o trabalho formal
A carteira assinada, outrora símbolo de estabilidade, já não exerce o mesmo apelo sobre a Geração Z. Muitos jovens preferem formatos de trabalho mais flexíveis, como prestação de serviços por projeto (freelancer), contratos PJ ou trabalho remoto sob demanda.
Embora esses modelos ofereçam autonomia, especialistas alertam para os riscos de precarização.
CLT ou PJ? A diferença está no valor real recebido
Segundo especialistas em direito do trabalho, contratos no modelo PJ devem oferecer uma remuneração entre 30% e 50% maior do que os valores pagos no regime CLT, para compensar a ausência de benefícios como férias, 13º salário e INSS. Por exemplo, se um profissional recebe R$ 3.000 como CLT, só faria sentido aceitar um contrato como PJ se o valor mensal fosse de pelo menos R$ 3.900 a R$ 4.500.
Especialistas defendem a criação de novas políticas públicas que garantam acesso à aposentadoria, licença maternidade, cobertura de acidentes de trabalho e outros direitos sociais – mesmo fora do regime tradicional da CLT.
Expectativas salariais por geração
O levantamento da Robert Half identificou diferenças claras entre as gerações ao justificar o pedido de aumento salarial:
- Geração Z – Foco no desenvolvimento de competências e desempenho individual.
- Millennials e Geração X – Equilibram novas habilidades e cumprimento de metas.
- Baby Boomers – Priorizam o aumento do custo de vida como principal argumento.
Esses dados mostram que o salário continua sendo uma peça-chave na relação entre empresas e colaboradores – especialmente em um momento em que o poder de compra está sob pressão e o salário mínimo, embora em crescimento, ainda está longe das expectativas de muitos jovens qualificados.
Para onde caminha o futuro do trabalho?
Com a previsão de que a Geração Z ocupe até 27% da força de trabalho global até o final de 2025, empresas e governos enfrentam o desafio de criar ambientes mais atrativos, flexíveis e financeiramente viáveis.
Um estudo da Deloitte indica que 89% dos jovens da Geração Z consideram o “propósito no trabalho” um fator determinante para o bem-estar profissional.
Além disso, 49% afirmam que deixariam o emprego em até dois anos se não sentissem alinhamento com os valores da organização, o que torna ainda mais urgente o investimento em estratégias de atração e retenção de talentos.
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