Demissão em massa no Itaú após monitoramento abusivo no home office

Cerca de mil funcionários foram demitidos pelo Itaú Unibanco em 8 de setembro de 2025, após monitoramento digital de suas atividades remotas, conforme reportado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
O banco alegou que as dispensas ocorreram devido a “incompatibilidades” entre o ponto eletrônico registrado pelos colaboradores e as atividades efetivamente monitoradas durante o expediente em home office.
Monitoramento abusivo dos funcionários e falta de transparência
No centro da controvérsia está o uso de um software instalado nos computadores corporativos, que analisava dados como movimentação de mouse e teclado, quantidade de cliques, abas abertas e tempo de uso das ferramentas internas.
Ainda que o contrato de trabalho do Itaú mencionasse o monitoramento das ferramentas corporativas, não havia referência explícita à captação de dados tão detalhados.
O software utilizado, o xOne, da empresa Arctica, teria sido instalado sem o consentimento expresso dos trabalhadores.
Segundo reportagens, esse monitoramento ocorreu durante meses, e muitos funcionários não sabiam da sua existência.
Esse tipo de vigilância sem consentimento explícito pode ser enquadrado como monitoramento abusivo dos funcionários, prática que fere princípios de transparência e pode contrariar diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Falta de diálogo na demissão em massa
O processo de desligamento foi conduzido sem consultas prévias a representantes dos trabalhadores. De acordo com entidades sindicais, não houve discussão sobre alternativas como realocação de funções ou revisão de metas.
Além disso, os critérios usados para determinar o desempenho dos funcionários são considerados controversos, já que não considerariam fatores técnicos, de saúde ou de organização interna.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo criticou a falta de negociação prévia com os trabalhadores e afirmou que irá intensificar os protestos contra o que considera uma violação grave dos direitos trabalhistas.
O sindicato também avalia ações jurídicas coletivas e pressiona o banco por mais transparência e responsabilidade nas decisões sobre desligamentos.
Demissão em massa no Itaú contrasta com lucros bilionários
A demissão em massa no Itaú chama ainda mais atenção ao ocorrer em meio a resultados financeiros recordes. No segundo trimestre de 2025, a instituição registrou um lucro líquido de R$ 11,5 bilhões – um crescimento de 14,3% em relação ao ano anterior. Em 2024, o lucro anual havia atingido R$ 40,2 bilhões, o maior da história do banco.
Enquanto mais de mil funcionários foram desligados, principalmente em áreas operacionais, o presidente do banco, Milton Maluhy Filho, figura entre os executivos mais bem pagos do país, com uma remuneração anual próxima de R$ 68 milhões – valor apontado como o mais alto entre empresas listadas na bolsa, segundo a Folha de S.Paulo.
Outro ponto que causou indignação foi o fato de que diversos colaboradores demitidos haviam sido promovidos recentemente, o que lança dúvidas sobre a coerência dos critérios de avaliação e as decisões de gestão adotadas pelo banco.
Demissão em massa reacende debate sobre limites do controle no home office
A situação vivida pelos colaboradores do Itaú expõe um problema cada vez mais urgente: como equilibrar controle empresarial e respeito à privacidade num mundo onde o trabalho é feito, em grande parte, fora dos escritórios.
A demissão em massa no Itaú, motivada por um monitoramento abusivo dos funcionários, reforça a necessidade de políticas mais humanas e transparentes, que valorizem o desempenho real, mas sem ultrapassar limites éticos.
Empresas que adotam o home office como modelo permanente devem investir em ferramentas de gestão que combinem controle com respeito à individualidade – como softwares de monitoramento de funcionários, que permitem manter a produtividade sem invadir a privacidade do colaborador.
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