Empresas usam retorno ao trabalho presencial para cortar equipes

Foto por Christina Morillo no Pexels

Retornos obrigatórios ao trabalho presencial estão sendo cada vez mais aplicados nos EUA como uma forma discreta de reduzir equipes sem recorrer a demissões formais, mesmo com a forte procura dos colaboradores por trabalho remoto, segundo reporta a Fortune.

 

Até o final de 2025, prevê-se que 3 em cada 10 empresas exijam trabalho presencial cinco dias por semana, segundo uma pesquisa com 849 gestores.

 

Regras mais rígidas já estão em vigor entre grandes empresas, com mais da metade dos trabalhadores de escritório das empresas Fortune 100 totalmente presenciais, e empresas como a Microsoft exigindo pelo menos três dias no escritório.

 

O Beige Book do Federal Reserve também relatou que os requisitos de retorno ao trabalho presencial estão sendo utilizados como uma forma de reduzir o número de funcionários, com alguns distritos nos EUA descrevendo que as saídas foram “incentivadas”.

 

O Beige Book do Federal Reserve, publicado oito vezes por ano, reúne percepções sobre a atividade econômica de diferentes regiões dos EUA com base em entrevistas com banqueiros, líderes empresariais e economistas.

 

Apesar dessas medidas, inquéritos mostram que quase metade dos trabalhadores deixaria o emprego se o trabalho remoto fosse eliminado, evidenciando a distância entre estratégias empresariais e preferências dos trabalhadores.

 

A difícil realidade para quem pede demissão

 

As demissões motivadas por mandatos de retorno ao trabalho presencial são, por vezes, vistas como um protesto contra decisões corporativas.

 

Mas evidências indicam que essas saídas voluntárias muitas vezes coincidem com os objetivos organizacionais e podem deixar os funcionários em situações desfavoráveis no mercado de trabalho.

 

O mercado de trabalho para profissionais de escritório tem sido descrito como “congelado”, limitando oportunidades para quem abandona o cargo por conta de exigências presenciais.

 

Enquanto isso, outros setores como saúde e hospitalidade continuam crescendo, com maior procura por serviços presenciais.

 

No setor de hospitalidade, profissionais sem diploma, como garçons e baristas, têm registrado maior crescimento salarial do que trabalhadores de escritório, impulsionado pelo aumento da demanda por experiências presenciais após a pandemia.

 

Mandatos de retorno ao trabalho presencial mostram padrão desde 2024

 

Táticas semelhantes já haviam sido observadas em 2024, quando pesquisas mostraram que algumas empresas não só esperavam demissões, como também as provocavam intencionalmente com exigências de retorno ao trabalho presencial.

 

Uma pesquisa com mais de 1.500 gestores revelou que um quarto dos executivos esperava rotatividade voluntária após os mandatos de retorno ao trabalho presencial, e um em cada cinco profissionais de RH admitiu que as exigências foram desenhadas para incentivar desligamentos.

 

Também se observaram incoerências no comportamento da liderança: 93% dos CEOs não trabalhavam em tempo integral no escritório, com alguns participando remotamente de reuniões presenciais.

 

Houve ainda resistência por parte dos trabalhadores: 1 em cada 5 funcionários confessou ignorar as regras de presença no escritório, mesmo após múltiplos avisos e diretrizes.

 

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