Trabalhar mais de 110h semanais deixa bancários nos EUA hospitalizados

Bancários juniores do Robert W. Baird, banco de investimentos com sede nos Estados Unidos, foram hospitalizados após serem submetidos a jornadas de até 110 horas semanais, segundo o Wall Street Journal em 30 de abril de 2025.
Vários analistas juniores da empresa foram forçados a trabalhar até 20 horas por dia durante semanas consecutivas.
Um dos colaboradores sofreu falência pancreática por exaustão e, após uma segunda internação hospitalar, foi demitido sob alegação de baixa produtividade.
As revelações geraram sérias preocupações sobre as exigências extremas no ambiente de trabalho — especialmente em setores de alta pressão, como o bancário. A notícia surge bem no meio de uma crescente conscientização e escrutínio sobre os impactos físicos e mentais do excesso de horas de trabalho semanais.
Esse não é um caso isolado
Esses episódios lembram tragédias anteriores e destacam um problema cultural mais amplo no setor financeiro.
Sarvshreshth Gupta, analista de 22 anos do Goldman Sachs, foi encontrado morto no estacionamento de seu prédio em São Francisco poucas horas depois de dizer ao pai: “Esse trabalho não é para mim. Trabalho demais e tempo de menos.” Ele havia passado a noite trabalhando antes de falecer.
Em janeiro de 2025, Carter McIntosh, um associado de 28 anos do banco de investimento Jefferies, foi encontrado morto em seu apartamento por suspeita de overdose. A polícia encontrou uma substância branca no local, suspeita de ser Adderall.
Sabe-se que muitos funcionários do setor financeiro recorrem ao uso de Adderall para lidar com jornadas excessivas, conforme relatado pelo Wall Street Journal.
Em outro caso, Leo Lukenas III — pai, marido e associado do Bank of America, com 35 anos — morreu devido a um coágulo sanguíneo fatal. Ele também vinha trabalhando mais de 100 horas por semana. Fontes próximas afirmam que ele havia demonstrado interesse em deixar o emprego devido à carga de trabalho insustentável.
A morte de Lukenas gerou grande repercussão nas redes sociais, reacendendo o debate sobre reformas nas condições de trabalho em Wall Street, como a proposta de limitar a carga horária semanal a 80 horas.
Uma cultura de exaustão no trabalho
Bancários do Robert W. Baird descreveram um ambiente rígido, onde analistas juniores não podiam se afastar da mesa por mais de cinco minutos — mesmo após passarem a noite trabalhando. Apesar de existirem políticas para limitar as horas de trabalho, essas regras são frequentemente ignoradas, e os funcionários têm medo de reclamar por medo de represálias.
Uma cultura que valoriza a produtividade a qualquer custo, ignorando o bem-estar dos colaboradores, não só coloca vidas em risco como também destrói a moral da equipe, acelera a rotatividade dos funcionários e ameaça a reputação de empresas que se recusam a mudar.
Alguns bancos de investimento reconhecem o problema e estão tentando implementar mudanças. O JPMorgan, por exemplo, adotou um limite de 80 horas semanais para cargos juniores. O Bank of America passou a usar um novo software de controle de horas para monitorar a jornada de trabalho com mais precisão.
O que fazer se você está sobrecarregado no trabalho?
Se você está enfrentando excesso de trabalho e sente que está à beira do esgotamento, é importante agir rapidamente para proteger sua saúde:
- Registre suas horas de trabalho para documentar a sobrecarga.
- Converse com seu gestor ou com o RH sobre como a carga horária está afetando seu bem-estar.
- Pesquise programas de apoio disponíveis, como serviços de saúde mental e bem-estar.
- Estabeleça limites claros para sua disponibilidade fora do horário de trabalho.
- Use suas folgas e férias — descansar é fundamental para a recuperação.
- Conecte-se com colegas ou familiares para obter apoio e resolver problemas coletivamente.
- Conheça seus direitos conforme as leis trabalhistas e políticas internas.
- Considere procurar novas oportunidades caso a cultura da empresa seja incompatível com seu bem-estar.
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