O apagão europeu interrompe a produtividade das empresas

Foto por Alice Kotlyarenko no Unsplash

A 28 de abril de 2025, uma falha de energia afetou Portugal, Espanha e partes do sul de França durante mais de 12 horas, com um impacto crítico nas operações empresariais, produtividade dos trabalhadores e mergulhando milhões na escuridão, segundo a Reuters.

 

A causa do apagão ainda está a ser investigada, no entanto, a Wired relatou que a falha foi desencadeada por uma avaria em dois interconectores de alta tensão cruciais entre Espanha e França.

 

Estes interconectores desligaram-se inesperadamente, cortando importações de eletricidade essenciais e desestabilizando toda a rede ibérica. Como consequência, os sistemas automáticos de proteção foram ativados, desligando grandes áreas de Espanha e Portugal para evitar um colapso total da rede.

 

Impacto e Consequências do Apagão

As empresas sofreram prejuízos enormes, com sistemas de pagamento digital a falharem e unidades de refrigeração a deixarem de funcionar. Com receio de que a falha elétrica se prolongasse por vários dias, milhares de cidadãos acorreram aos supermercados, provocando ruturas de stock em várias grandes superfícies.

 

Segundo a BBC News, o consumo de energia em Espanha caiu abruptamente de 25,2 para 12,4 gigawatts (GW) em apenas alguns minutos. Em Portugal, a Redes Energéticas Nacionais (REN) reportou uma queda de 8,2 para 0,6 GW, o que representa uma redução de 93% no consumo, causada pela forte dependência das importações elétricas vindas de Espanha.

 

A Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) estimou que o apagão custou à economia cerca de 1,6 mil milhões de euros. Já em Portugal, segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), a interrupção do fornecimento elétrico provocou uma quebra de aproximadamente 15% na atividade económica diária.

 

Em Lisboa e Madrid, os centros comerciais estavam desertos a meio da tarde. Restaurantes que normalmente funcionam até tarde foram forçados a fechar portas, resultando em perdas significativas no setor da restauração.

 

Nas zonas afetadas de França, o fornecimento elétrico foi restabelecido em poucos minutos. Com os serviços normalizados, a rede francesa redirecionou esforços para apoiar Espanha na recuperação da sua própria infraestrutura energética. Em Portugal, o restabelecimento foi mais demorado, exigindo intervenções técnicas mais complexas.

 

Segundo um porta-voz da Eurelectric — associação que representa a indústria energética europeia —, foi necessário realizar um procedimento conhecido como black start.

 

“Um black start é o processo pelo qual se restabelece o fornecimento elétrico a partir de centrais que não dependem da energia da rede para arrancar. Estas unidades conseguem gerar eletricidade de forma autónoma, permitindo reativar gradualmente o sistema elétrico.”

 

No caso do apagão ibérico, esse arranque foi possível através de fontes hidroelétricas e centrais a gás. Em Portugal, foram ativadas duas unidades com capacidade de arranque autónomo: a central hidroelétrica de Castelo do Bode e a central de ciclo combinado da Tapada do Outeiro, que utiliza gás natural.

 

Desafios para os Trabalhadores e Emprego

O apagão interrompeu os fluxos de trabalho em todos os setores. Trabalhadores remotos perderam acesso a ferramentas como o Slack e o Google Workspace, com projetos em pausa e prazos a derraparem. Escritórios e call centers encerraram mais cedo, e os sistemas de controlo de horas e processamento salarial ficaram sob pressão.

 

Trabalhadores independentes, como motoristas da Uber Eats e da Glovo, perderam um dia inteiro de rendimentos devido à falha das aplicações. Profissionais em plataformas como a Upwork ficaram impossibilitados de registar o tempo, arriscando-se a perder pagamento. Escolas e universidades suspenderam as aulas, afetando milhares de funcionários e estudantes.

 

Para evitar o caos no futuro, as empresas estão agora a ser incentivadas a investir em sistemas UPS (fontes de alimentação ininterrupta), software de controlo de horas com capacidade offline e protocolos para lidar com interrupções no trabalho. Formar as equipas para lidar com fluxos de trabalho offline, criar canais de comunicação alternativos e desenvolver planos de contingência para apagões são passos essenciais para minimizar perdas de produtividade durante falhas de energia.

 

Conclusão

O apagão de abril revelou fragilidades graves na economia digital europeia. À medida que a dependência da tecnologia aumenta, empresas e governos devem dar prioridade ao planeamento de resiliência para garantir a continuidade das operações perante futuras perturbações.

 

Os governos de Espanha e Portugal lançaram uma força-tarefa conjunta com parceiros da UE para investigar o apagão e reforçar a segurança da rede elétrica. Ambos reafirmaram o seu compromisso com as energias renováveis, juntamente com planos para atualizações críticas da rede.

 

Enquanto os governos se focam na melhoria das infraestruturas, a principal lição para as empresas é clara: a resiliência deve ser incorporada nas operações do dia a dia. Adotar práticas que salvaguardem a produtividade durante falhas de energia é essencial para garantir a estabilidade a longo prazo.

 

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