Google exige retorno ao escritório de trabalhadores remotos

A Google está pressionando alguns dos seus trabalhadores remotos a se mudarem para perto de escritórios da empresa e passem a trabalhar presencialmente pelo menos três vezes por semana — ou aceitem pacotes de desligamento voluntário — segundo informações da CNBC em 23 de abril de 2025.
Essa mudança representa uma reviravolta significativa em relação ao discurso adotado pela empresa durante a pandemia, que priorizava a flexibilidade e o trabalho remoto. As equipes afetadas incluem áreas como Recursos Humanos e Serviços Técnicos.
A nova política alinha a Google a um número crescente de gigantes da tecnologia que estão revertendo suas posturas em relação ao trabalho remoto, em meio a medidas de corte de custos e apelos por mais colaboração presencial.
Qual o impacto para os trabalhadores remotos?
Para muitos colaboradores afetados, a notícia foi inesperada. Diversos relataram ter sido contratados sob contratos 100% remotos e até se mudado com base nesse acordo. Agora, estão sendo instruídos a se estabelecer a até 80 km de um escritório da empresa — ou deixar seus cargos.
A empresa esclareceu que essa exigência de retorno ao escritório não é uma diretriz global, mas sim restrita a equipes específicas. Segundo a porta-voz da Google, Courtenay Mencini, os requisitos estão sendo definidos por cada equipe, e não como uma política única da empresa.
“Como já dissemos anteriormente, a colaboração presencial é uma parte importante de como inovamos e resolvemos problemas complexos,” afirmou Mencini à CNBC. “Para apoiar isso, algumas equipes solicitaram que funcionários remotos que vivem próximos a escritórios retornem ao trabalho presencial três vezes por semana.”
Demissões afetam disproporcionalmente os trabalhadores remotos
Paralelamente à nova política, a Google iniciou mais uma rodada de demissões, que parecem afetar de forma desproporcional trabalhadores remotos. Segundo a CNBC, os cortes atingiram principalmente áreas de suporte, recrutamento e funções administrativas — muitas delas 100% remotas.
Funcionários afetados relataram ter recebido notificações de demissão sem justificativas claras.
O retorno aos escritórios e as demissões estão ocorrendo simultaneamente, dificultando a separação entre os dois eventos. Alguns colaboradores acreditam que a exigência de retorno presencial está sendo usada como forma sutil de pressionar funcionários que, de outra forma, teriam direito a proteções contra demissão.
Embora a empresa defenda que o objetivo seja aumentar a colaboração, fontes internas apontam para pressões financeiras e estratégicas mais amplas. A Google vem cortando custos, e o retorno ao escritório pode reduzir os gastos relacionados ao suporte ao trabalho distribuído.
Além disso, executivos de alto escalão — incluindo o cofundador Sergey Brin — demonstraram apoio público ao trabalho presencial, especialmente para equipes focadas em inteligência artificial. Brin argumenta que a proximidade física favorece a inovação e o alinhamento das equipes, chegando a defender jornadas mais longas no escritório para acelerar o desenvolvimento em áreas competitivas como a IA.
Esse apoio interno ao trabalho presencial parece estar influenciando mudanças mais amplas nas políticas da empresa.
Tendência do setor: Empresas de tecnologia recuam do trabalho 100% remoto
A decisão da Google faz parte de uma tendência crescente entre grandes empresas de tecnologia. Meta, Amazon e Apple também reforçaram recentemente suas exigências de comparecimento presencial. Esses movimentos refletem um ceticismo crescente quanto à viabilidade de longo prazo do trabalho totalmente remoto para determinados tipos de colaboração.
Por agora, o modelo híbrido continua sendo o padrão — mas o conceito de “híbrido” está se tornando cada vez mais restritivo, migrando de uma abordagem centrada no funcionário para uma estrutura definida pelas empresas, com dias específicos de trabalho no escritório.
Principais implicações
O afastamento da Google da flexibilidade remota está provocando debates dentro e fora da empresa. Enquanto os executivos citam colaboração e produtividade como razões para a mudança, muitos funcionários veem a decisão como uma quebra de confiança.
Para o setor de tecnologia em geral, o movimento sugere que a promessa do trabalho remoto impulsionada pela pandemia pode não ter sido tão permanente quanto se imaginava. As empresas estão retomando o controle sobre como o trabalho deve ser feito — e, para os funcionários da Google, isso pode significar uma mudança fundamental na forma como equilibram vida pessoal e profissional.
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